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Quinta-feira, 20/04/2017 em Doenças

OSTEOPOROSE – FRATURAS VERTEBRAIS

OSTEOPOROSE – FRATURAS VERTEBRAIS

Foto: Divulgação

A Osteoporose é um problema de saúde que afeta pessoas, principalmente mulheres, no mundo inteiro. Por definição, trata-se de uma doença caracterizada pela desorganização da arquitetura do osso, além de uma redução da massa óssea, tornando o osso incapaz de sustentar as cargas que agem sobre ele. Portanto, não se trata apenas de uma  “descalcificação “ do osso, mas de uma situação mais complexa, que não se limita apenas à falta de cálcio. Explico: o osso humano é composto por dois tipos de “arquitetura”, que são o osso cortical, onde as trabéculas ósseas estão mais juntas e tornam o osso mais denso, mais duro, e o osso esponjoso, onde há mais espaço entre as trabéculas ósseas, formando a medula óssea, responsável por produzir células do sangue. Esse osso esponjoso é mais “poroso” e tem uma arquitetura especial pra dar espaço ao sangue e, ao mesmo tempo, sustentar e distribuir as cargas que o osso recebe. Veja na ilustração:

Osso esponjoso

Este é um corte de uma vértebra normal, comparada a uma vértebra com osteoporose. Observe que a vértebra tem uma espécie de “moldura”, onde o osso é mais denso. Este é o osso cortical. A parte cheia de pequenas lacunas é o osso esponjoso.

 

As células que formam os ossos estão em constante trabalho de renovação, retirando o osso antigo (processo de reabsorção) e formando osso novo (processo de formação). O que regula esse processo de renovação do osso são os hormônios (p.ex. a calcitonina, o paratormônio, o estrogênio, etc.) e a carga que o osso recebe (quanto mais carga ou impacto o osso recebe, mais ele é estimulado a formar osso novo. – entendeu porque o exercício é importante?).

 

O cálcio e a vitamina D são algumas das ferramentas usadas neste processo, mas que são fundamentais para que o osso consiga um bom equilíbrio metabólico.

 

É justamente o desequilíbrio entre reabsorção óssea e formação óssea que vai levar à osteoporose. E isso pode acontecer por desequilíbrio dos hormônios, má absorção intestinal dos nutrientes e vitaminas, sedentarismo, falta de sol (a vitamina D é ativada na pele sob a ação dos raios ultra-violetas do sol!), além de questões genéticas, muito relacionadas à raça e hábitos como tabagismo, alcoolismo.

 

Alguns ossos têm uma quantidade maior de osso esponjoso, que é onde a osteoporose é mais intensa e a vértebra é um deles. Esses ossos acabam se fragilizando e ficam mais susceptíveis a fraturas. Como os principais sítios de fraturas são o punho, o fêmur próximo à região do quadril e as vértebras na coluna, se avalia esses ossos no exame de Densitometria Óssea para fazer o diagnóstico.

 

A FRATURA VERTEBRAL

Agora que demos uma noção básica sobre osteoporose, vamos ao nosso tema: a fratura vertebral devido à osteoporose.

 

Um importante estudo de Osteoporose Vertebral na América Latina (LAVOS), publicado em 2009, demonstrou que 14% das mulheres com mais de 50 anos tinham alguma fratura vertebral, o que poderia representar cerca de 3 milhões de mulheres brasileiras. Detalhe: no Brasil este estudo foi conduzido pelo Dr. Sergio Ragi Eis em Vitória, no Espírito Santo. Segundo a OMS, a incidência nos homens varia de 3 a 6%. Mas não parece, não é mesmo?

 

Acontece que muitas fraturas vertebrais podem ser assintométicas, quer dizer, sem dor, apesar da fratura. Um estudo conduzido em Santa Catarina demonstrou uma incidência de quase 50% de fraturas assintomáticas em mulheres com mais de 60 anos. Principalmente nas sedentárias!

 

Mas qual seria a consequência disto?

 

A coluna vertebral, quando vista de perfil, tem curvas que fazem parte da anatomia normal. Quando a curva é convexa para a frente, chamamos de Lordose, Quando é convexa para trás, chamamos de cifose. Veja a figura:

Lordose cervical; Cifose torácica; Lordose lombar

Quando começam a ocorrer as fraturas e micro-fraturas vertebrais, as vértebras sofrem um achatamento e vão reduzindo a altura da coluna e aumentando a cifose, deixando o dorso mais encurvado.

 

Apesar de a radiografia simples ser o exame de primeira escolha, novas tecnologias e exames podem medir a densidade óssea com menor exposição do paciente à radiação, como a Avaliação de Fraturas Vertebrais por Densitometria Óssea.Este exame permite uma imagem lateral da coluna inteira e consegue detectar as vértebras fraturadas e o grau de acometimento de cada uma.

 

É importante que um médico experiente avalie esses exames e diferencie se a deformidade da coluna está sendo causada pelas fraturas ou por outros motivos. A partir daí pode ser iniciado o processo de avaliação mais aprofundada e indicação do melhor tratamento, mesmo em pacientes assintomáticos.

 

No caso das fraturas vertebrais sintomáticas (que provocam dor), o primeiro passo é identifica-las. Pessoas com osteoporose e especialmente os idosos devem ter um cuidado especial para evitar quedas, pois são mais susceptíveis a fraturas. Se houve uma queda e existe uma dor persistente nas costas, procure um médico para descartar que não tenha ocorrido uma fratura vertebral. Tenho visto com frequência em meu consultório idosos trazidos pela família com dor vários meses após uma pequena queda ou até mesmo um esforço, seja fazendo um exercício, seja pegando uma sacola pesada. Isto pode acontecer sim!

 

O TRATAMENTO

Existem vários medicamentos atualmente que permitem ao médico ter boas alternativas de tratamento. Nessa escolha deve-se pesar a idade do paciente, se já foi tratado anteriormente, os outros problemas de saúde que já existam, os sintomas, o tipo de osteoporose, além de vários outros critérios.

 

Porém é muito importante compreendermos duas coisas fundamentais sobre a osteoporose:

 

Primeiro aqui vai um recado aos Jovens! Toda pessoa, especialmente a mulher, ao chegar o período da menopausa, começa a perder o “estoque” de osso que ela acumulou durante sua adolescência. Este acúmulo acontece através dos hábitos de exercícios, banho de sol e atividades afins. Ou seja, se você for sedentária na juventude, não terá muito “estoque” pra gastar depois! Isto interfere no metabolismo do osso e na construção das trabéculas que montam a “arquitetura” do osso, conforme explicamos anteriormente.

 

Segundo fator importante é que o tratamento da osteoporose não se resume a medicamentos, mas sim a um conjuntos de ações e mudança de hábitos, pois, como já vimos, as causas envolvem vários fatores.

 

Nos pacientes com fraturas vertebrais sintomáticas, a primeira opção de tratamento é o uso de um colete para imobilizar a coluna. Os analgésicos, por mais fortes que sejam, não são capazes de conter a dor de uma fratura. Só a imobilização pode resolver a dor e permitir que a fratura consolide de forma adequada e com a menor deformidade possível.

 

Existem medicamentos formadores de osso que podem acelerar a consolidação da fratura, embora possa haver contra-indicação em alguns casos, mas como regra geral, a cura da fratura ocorre em cerca de 12 semanas.  

 

Para os casos que não podem ser tratados com o colete, seja por intolerância à imobilização, seja por condições clínicas que impossibilitem seu uso, pode-se lançar mão de um procedimento cirúrgico minimamente invasivo, chamado Vertebroplastia.

 

A VERTEBROPLASTIA

Trata-se de um procedimento realizado no Centro Cirúrgico, por um cirurgião capacitado, onde é realizado uma incisão de 1 cm na pele e introduzido uma cânula dentro da vértebra fraturada, sendo injetado através dela um tipo de “cimento” ósseo, que irá dar sustentação ao osso. O procedimento é rápido e o resultado é o alívio imediato da dor, possibilitando ao paciente retornar às suas atividades sem uso de imobilizações externas e sem restrições. Além dessas vantagens, evita as consequências da imobilização prolongada, como atrofias musculares e ósseas, que depois teriam que ser reabilitadas.

 

Apesar da tecnologia que envolve este procedimento para dar segurança ao cirurgião e ao paciente, ele não está livre de riscos e complicações, como a embolia pulmonar ou a compressão de nervos ou medula pelo extravasamento do cimento. Mas um cirurgião habilitado tem métodos para evitar o risco e realiza-lo com a maior segurança possível.

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1.       Introdução da cânula

2.       Injeção do cimento

3.       Resultado final

 

DR. JOSÉ ALEXANDRE CUNHA BAPTISTA – CRMES 5893

ORTOPEDISTA ESPECIALISTA EM COLUNA VERTEBRAL

DIRETOR CLÍNICO DA CLÍNICA SPINE

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